A importância da performance física em passistas de escola de samba

Engana-se quem pensa que apenas atletas são cobrados por uma alta performance física. Bailarinos, atores, acrobatas, bombeiros, entre outras áreas que atuam diretamente com o movimento corporal, têm um alto grau de exigência em sua performance física.

Um passo em falso e uma bela atuação pode ser arruinada. Um movimento errado e um bombeiro pode colocar pessoas em risco. Uma acrobacia mal executada pode custar a vida do seu praticante.

Nesse cenário, o passista de escola de samba não foge à regra, e sua performance física é de vital importância para trazer o sucesso da escola de samba na avenida. Uma coreografia bem executada pode custar aquele milésimo que tornará a escola uma vencedora, assim como o contrário também pode acontecer.

Pensando nisso, realizamos uma entrevista com a passista Cinthia Vieira, que há 10 anos desfila e encanta o público ao som do repique da escola de samba Tom Maior. A bailarina nos conta como é a preparação para o grande dia de desfile, que começa muito antes do que você imagina.

Conte um pouco sobre sua história e atuação na escola de samba

Meu amor pela Tom Maior nasceu em 2014, assim que pisei na quadra da Sérgio Tomás. A família vermelha e amarela tem essa característica acolhedora, e facilmente nos sentimos em casa. Desfilar em uma escola de samba do grupo especial sempre foi um sonho para mim, que já acompanhava pela TV. Deste modo, resolvi me inscrever para a audição da ala de passistas e, para minha enorme felicidade, passei no teste! Fazer parte desse espetáculo de pertinho é surreal!

Como é a sua preparação física antes do Carnaval?

A rotina de academia, dança e alimentação balanceada são essenciais para manter o corpo em atividade e se preparar adequadamente para a rotina puxada de treinos. Costumo dizer que dieta se faz do Ano Novo ao Natal e não do Natal ao Ano Novo (risos). Para auxiliar nos cuidados no período de pré-carnaval, também realizo procedimentos estéticos como drenagens e massagens para ajudar com a retenção de líquido no corpo. Para lidar com as dores musculares, agora encontrei um aliado queridinho: Sportllux. Já não largo mais!

Qual é a rotina de ensaios da escola de samba?

Ao contrário do que muitos pensam, nossa rotina de ensaio é puxada! Assim que finalizamos um Carnaval, já estamos pensando no próximo. Tudo se inicia com uma sinopse do que a escola tem como proposta para aquele ano. Realiza-se um concurso para o samba-enredo, o carnavalesco desenha os protótipos de fantasias e carros alegóricos para confecção. Alguns segmentos da escola já iniciam novamente ensaios específicos, e audições são abertas para inclusão de novos componentes, como mestre-sala e porta-bandeira, bateria, comissão de frente e passistas. Em meados de agosto e setembro, começam os ensaios de quadra e de rua. Dezembro e janeiro são destinados aos ensaios técnicos, e então finalmente vem o tão esperado desfile.

Como são os preparativos no dia do desfile?

Começa cedo. Temos todo um “ritual” (risos). Por exemplo, se a escola entra na avenida às 23h, a concentração na fábrica do samba se inicia às 17h. Ali verificamos as fantasias (cabeça, costeiro, sandálias). Tudo precisa estar impecável sem esquecer nada, pois cada detalhe é crucial no julgamento da escola. Cabelo, unha, maquiagem não podem faltar, mas a alimentação leve e muita água são essenciais! Somos proibidos de beber bebida alcoólica antes do desfile (se estiver alcoolizado, não entra para desfilar), pois isso pode impactar o trabalho de um ano todo, e não queremos isso. Carnaval, para o sambista é amor, dedicação, respeito e muita disciplina! Aí é só encher o peito de alegria, cantar o enredo com emoção, sorriso no rosto e samba no pé!

Quais são as maiores dores que você sente durante o processo?

As dores musculares são as grandes vilãs, sem sombra de dúvida.

Como você faz para lidar com as dores?

Massagens e drenagens sempre foram minhas principais aliadas, porém ocorreu um imprevisto este ano: acabei torcendo meu tornozelo um mês antes do Carnaval, o que me deixou desesperada. Precisei usar uma botinha e tomar anti-inflamatório por 7 dias para me recuperar. Mesmo após esse período, o meu tornozelo ainda precisava de cuidados, pois ainda estava sentindo dores e forçar ele sambando era algo inviável para mim. Foi quando comecei o tratamento com a Sportllux, utilizo todos os dias desde então por 10 minutinhos. Agora, se passaram 20 dias e meu tornozelo desinchou e estou sem dor, pronta para entrar na avenida no dia 10/02. Estou muito feliz e satisfeita com os resultados!

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Qual é o maior desafio da sua carreira artística?

Conciliar minha carreira profissional com minha carreira artística. Existem muitos preconceitos, dos quais preciso quebrar tabus e paradigmas do conceito errado que a sociedade prega. Muitos acreditam que uma dançarina não tem formação, mas se enganam muito, pois temos passistas com carreiras lindas e conceituadas. Eu mesma sou Engenheira da Qualidade, com o mesmo orgulho e paixão com os quais exerço minha carreira como passista. E mesmo as dançarinas têm alta formação artística para exercer essas funções. Sinceramente, acho que é um assunto que precisa ser olhado com maior delicadeza e menos preconceito. Sim, somos profissionais da dança e da indústria. Qual o problema nisso?

Quais dicas você dá para arrasar na avenida?

Bebam muita água, vistam-se de amor e se joguem. É tempo de ser feliz!

Sobre Cinthia Vieira

Iniciei no Carnaval em 2010, pisando a primeira vez no Anhembi com a escola de samba Torcida Jovem. Em 2013, fui princesa do Carnaval de SBC pela escola de samba Vermelho e Branco. Passei também pela escola de samba Ordem e Progresso como Madrinha e em 2014 fui eleita Miss Simpatia de Santo André pela escola Tradição de Ouro, onde também fui coroada a Madrinha da escola. Em 2016, desfilei como destaque de chão na escola Imperador do Ipiranga, sendo eleita melhor passista do Acesso pelo troféu Sambar SP. Minha trajetória na Tom Maior teve início em 2014, quando participei da audição da ala de passistas, onde atuo como Passista Show até os dias de hoje. Além disso, sou dançarina de ritmos como forró, bachata, pagode, samba de gafieira e samba rock, que é minha paixão, mas essa resenha fica para outra hora (risos).

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