A mulher e a alta performance esportiva
Sabemos que para a mulher conquistar seu espaço em diferentes segmentos muitas lutas foram necessárias, e no mundo do esporte não foi diferente. Falar da mulher e a alta performance esportiva ainda é difícil, já que 86% dos estudos sobre exercícios físicos incluem apenas homens.
As mulheres tiveram permissão para participar das Olimpíadas somente em 1900, em esportes considerados ‘bonitos’, como tênis e golfe, já que não necessitavam de contato físico.
No futebol, a primeira versão oficial da Copa do Mundo Feminina reconhecida pela FIFA aconteceu em 1991, enquanto a Copa Masculina já acontecia desde 1930.
Nas últimas décadas, a participação feminina nos esportes aumentou consideravelmente, mas a busca pela igualdade de gênero no segmento ainda é muito grande.
As mulheres conquistaram o seu espaço, mas é importante lembrar que o corpo feminino possui traços únicos, e para garantir a alta performance esportiva das mulheres, alguns fatores adicionais devem ser considerados. Vamos conhecer essas particularidades a seguir.
Mulheres no esporte
A história da participação feminina nos esportes foi de muita luta e superação. Desde a Antiguidade os esportes eram vistos como ‘coisa de homem’ e a inserção de mulheres neste espaço tardou a acontecer.
No início dos jogos Olímpicos, as mulheres eram proibidas de participar mesmo como expectadoras, sendo que as mulheres casadas podiam ser punidas até mesmo com a morte.
No século XVII a mulher era impedida de praticar qualquer esporte, e a proibição se tornou ainda mais intensa na era vitoriana.
A princípio somente homens podiam participar das Olímpiadas, e somente em 1932 uma mulher brasileira conseguiu participar do evento, trata-se de Maria Lenk, na natação.
No Brasil, considerado o país do futebol, as mulheres foram proibidas de praticar algumas modalidades, inclusive o futebol, segundo o decreto-Lei 3.199: “Às mulheres não é permitida a prática de desportos incompatíveis com a sua natureza”, que incluía lutas de qualquer natureza, o futebol, o futebol de salão, o futebol de praia, entre outros.
Somente em 2012 foi possível a participação de mulheres em todas as modalidades esportivas nas Olímpiadas. Assim, as atletas brasileiras são verdadeiras heroínas, que batalham diariamente para manter o seu espaço no mundo esportivo. Além disso, contam com particularidades que torna ainda mais complexo manter o seu alto desempenho esportivo.
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Alta performance feminina no esporte
Para melhorar a performance esportiva feminina é necessário que sejam feitas mais pesquisas relacionadas ao tema. Segundo estudos, entre 5000 publicações, entre 2014 e 2020, apenas 6% das pesquisas são realizadas com atletas exclusivamente femininas.
As diferenças entre homens e mulheres são principalmente relacionadas ao risco de lesão, metabolismo energético, capacidade de exercícios, padrões de sono, termorregulação, hipertrofia, ciclo menstrual, fase reprodutiva, entre outros.
Tríade da mulher atleta
A tríade da mulher atleta é uma síndrome que acomete mulheres muito ativas fisicamente, atingindo principalmente atletas de alto rendimento. Como o próprio nome já diz, ela apresenta três características principais, devido às alterações hormonais que ocorrem no físico da mulher, sendo elas:
Baixa disponibilidade energética
Devido ao gasto intenso de energia durante a atividade física, pode ocorrer a baixa ingestão alimentar em relação a necessidade energética do corpo, deixando a mulher mais suscetível a perdas ósseas e alterações no ciclo menstrual. A exigência por um físico perfeito pode gerar quadros de bulimia, anorexia, ortorexia (busca excessiva pelo alimento perfeito) e baixo índice de massa corporal (IMC).
Disfunção menstrual
A deficiência energética e nutricional pode resultar em quadros de amenorreia (ausência de menstruação), ou menstruações muito espaçadas, o que pode ser especialmente prejudicial quando acontece durante o período da puberdade. Deste modo, aumenta-se o índice de infertilidade, além de predispor a atleta a ter perda óssea, que pode facilitar o surgimento de fraturas.
Baixa densidade mineral óssea
Com a redução do peso corporal, decorrente da baixa disponibilidade energética, pode ocorrer a alteração óssea, gerando a maior probabilidade de fraturas por estresse, aumento de lesões, dificuldade de sintetizar proteínas, com consequente queda de imunidade.
Todos esses fatores combinados podem aumentar consideravelmente a chance de ocorrer fraturas, menor desempenho esportivo, afastamento por lesões, alterações do humor como tristeza, afastamento social e irritabilidade.
O desempenho da atividade física é prejudicado pela situação corporal debilitada, que também pode desencadear problemas psicológicos devido a busca incessante por um alto rendimento.
É necessário que fisioterapeutas, médicos, nutricionistas e demais profissionais comprometidos com a alta performance esportiva tenham especial cuidado com as necessidades inerentes às mulheres atletas, garantindo que elas conquistem seu espaço de direito nos esportes mantendo a sua saúde e qualidade de vida.
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