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A mulher e a alta performance esportiva

A mulher e a alta performance esportiva
Por Marília Barga | Time Sportllux 24 de julho de 2023 Sem comentários

Sabemos que para a mulher conquistar seu espaço em diferentes segmentos muitas lutas foram necessárias, e no mundo do esporte não foi diferente. Falar da mulher e a alta performance esportiva ainda é difícil, já que 86% dos estudos sobre exercícios físicos incluem apenas homens.

As mulheres tiveram permissão para participar das Olimpíadas somente em 1900, em esportes considerados ‘bonitos’, como tênis e golfe, já que não necessitavam de contato físico.  

No futebol, a primeira versão oficial da Copa do Mundo Feminina reconhecida pela FIFA aconteceu em 1991, enquanto a Copa Masculina já acontecia desde 1930.

Nas últimas décadas, a participação feminina nos esportes aumentou consideravelmente, mas a busca pela igualdade de gênero no segmento ainda é muito grande.

As mulheres conquistaram o seu espaço, mas é importante lembrar que o corpo feminino possui traços únicos, e para garantir a alta performance esportiva das mulheres, alguns fatores adicionais devem ser considerados. Vamos conhecer essas particularidades a seguir.

Mulheres no esporte

A história da participação feminina nos esportes foi de muita luta e superação. Desde a Antiguidade os esportes eram vistos como ‘coisa de homem’ e a inserção de mulheres neste espaço tardou a acontecer.

No início dos jogos Olímpicos, as mulheres eram proibidas de participar mesmo como expectadoras, sendo que as mulheres casadas podiam ser punidas até mesmo com a morte.

No século XVII a mulher era impedida de praticar qualquer esporte, e a proibição se tornou ainda mais intensa na era vitoriana.

A princípio somente homens podiam participar das Olímpiadas, e somente em 1932 uma mulher brasileira conseguiu participar do evento, trata-se de Maria Lenk, na natação.

No Brasil, considerado o país do futebol, as mulheres foram proibidas de praticar algumas modalidades, inclusive o futebol, segundo o decreto-Lei 3.199: “Às mulheres não é permitida a prática de desportos incompatíveis com a sua natureza”, que incluía lutas de qualquer natureza, o futebol, o futebol de salão, o futebol de praia, entre outros.

Somente em 2012 foi possível a participação de mulheres em todas as modalidades esportivas nas Olímpiadas. Assim, as atletas brasileiras são verdadeiras heroínas, que batalham diariamente para manter o seu espaço no mundo esportivo. Além disso, contam com particularidades que torna ainda mais complexo manter o seu alto desempenho esportivo.

Leia também: O que é esporte de alto rendimento?

Alta performance feminina no esporte

Para melhorar a performance esportiva feminina é necessário que sejam feitas mais pesquisas relacionadas ao tema. Segundo estudos, entre 5000 publicações, entre 2014 e 2020, apenas 6% das pesquisas são realizadas com atletas exclusivamente femininas.

As diferenças entre homens e mulheres são principalmente relacionadas ao risco de lesão, metabolismo energético, capacidade de exercícios, padrões de sono, termorregulação, hipertrofia, ciclo menstrual, fase reprodutiva, entre outros.

Tríade da mulher atleta

tríade da mulher atleta é uma síndrome que acomete mulheres muito ativas fisicamente, atingindo principalmente atletas de alto rendimento. Como o próprio nome já diz, ela apresenta três características principais, devido às alterações hormonais que ocorrem no físico da mulher, sendo elas:

Baixa disponibilidade energética

Devido ao gasto intenso de energia durante a atividade física, pode ocorrer a baixa ingestão alimentar em relação a necessidade energética do corpo, deixando a mulher mais suscetível a perdas ósseas e alterações no ciclo menstrual. A exigência por um físico perfeito pode gerar quadros de bulimia, anorexia, ortorexia (busca excessiva pelo alimento perfeito) e baixo índice de massa corporal (IMC).

Disfunção menstrual

A deficiência energética e nutricional pode resultar em quadros de amenorreia (ausência de menstruação), ou menstruações muito espaçadas, o que pode ser especialmente prejudicial quando acontece durante o período da puberdade.  Deste modo, aumenta-se o índice de infertilidade, além de predispor a atleta a ter perda óssea, que pode facilitar o surgimento de fraturas.

Baixa densidade mineral óssea

Com a redução do peso corporal, decorrente da baixa disponibilidade energética, pode ocorrer a alteração óssea, gerando a maior probabilidade de fraturas por estresse, aumento de lesões, dificuldade de sintetizar proteínas, com consequente queda de imunidade.

Todos esses fatores combinados podem aumentar consideravelmente a chance de ocorrer fraturas, menor desempenho esportivo, afastamento por lesões, alterações do humor como tristeza, afastamento social e irritabilidade.

O desempenho da atividade física é prejudicado pela situação corporal debilitada, que também pode desencadear problemas psicológicos devido a busca incessante por um alto rendimento.

É necessário que fisioterapeutas, médicos, nutricionistas e demais profissionais comprometidos com a alta performance esportiva tenham especial cuidado com as necessidades inerentes às mulheres atletas, garantindo que elas conquistem seu espaço de direito nos esportes mantendo a sua saúde e qualidade de vida.  

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